Dados Técnicos:
Nome
Original: Xuxa Popstar
Ano
de Produção: 2000
Duração: 86
minutos
Gênero:
Comédia, Romance, Família
Formato: Longa-metragem
Com: Xuxa, Luigi Baricelli, Marcos Frota, Deborah Blando, Sílvia Pfeifer, Cláudio Corrêa e Castro, Cláudia Rodrigues
Mais um filme da Xuxa... E foi complicado.
Desde a hora que terminei de assistir a ele estou tentando encontrar a melhor palavra para defini-lo. Acabei na dúvida entre ofensivo e inaceitável.
Estamos
diante de um filme que a todo momento ofende a inteligência dos telespectadores
com uma trama que vai do nada para o lugar algum, por mais de oitenta minutos arrastados.
Dizer
que essa aberração tem oitenta minutos de trama é até difícil, porque ao longo
de toda a projeção o que mais temos é um festival das mais absurdas intervenções
musicais que em nada auxiliam para um mínimo avanço do que estamos assistindo.
Aqui
somos obrigados a acompanhara a história de Nick (Xuxa), uma supermodelo
que após anos brilhando nas passarelas internacionais está com “supersaudades
de casa”, e volta para as suas origens, indo trabalhar na Agência Popstar,
a responsável por lhe lançar ao estrelato.
E
deste momento em diante o que fica na mente é “o porquê de eu estar assistindo a
isso”.
Não
há nada aqui, trama, personagens, trilha sonora, atuações. Para ser justo, há algo
sim, um festival de peças publicitárias que passam longe do sutil. Vão desde a
uma gama de produtos ligados à dona do produto (portal de internet, marca de
roupas, barra de cereais, dentre os que consegui notar) a aparições de terceiros,
como uma grande loja de departamentos (com direito a uma aparição do seu símbolo
máximo naqueles anos 2000) e uma tintura para cabelo.
Enfim,
com esse filme meio que me caiu a ficha de que o Adam Sandler seria a versão
masculina da Xuxa, dada as variadas semelhanças das histórias que
protagonizam, como um roteiro com estrutura padronizada (ela na eterna busca
por um príncipe encantado a cada filme; ele um zé goiaba qualquer que sempre
consegue “a mais bela do pedaço”), e mesmo com o avançar dos anos ainda se
portarem como se estivessem no início da vida adulta.
Por
força dessa padronização do roteiro, somos obrigados a acompanhar ela se
comunicando por meio de chat com um desconhecido que só se apresenta pelo nome
de Raio de Luz.
E
se não bastasse ter uma postura totalmente irresponsável para alguém da
idade dela (sério, a distinta contava tudo para uma figura que ela fazia a
menor ideia de quem era, e que a cada vez que ela mencionava a ideia de que queria
conhecê-lo ele fugia tal qual o diabo foge da cruz), erámos obrigados a escutar
os dois repetindo em voz alta o que estavam digitando na tela do computador, e uma
fala que carrega a desenvoltura dos primeiros robôs que repetiam palavras.
Paralelo
a isso temos a introdução do grande vilão dessa joça, J.P. (Marcos Frota),
que não sabia se engrossava ou não a voz para tentar dar mais maldade a
seu personagem. Em uma das vezes, uma cena se iniciou com ele usando um timbre
de voz normal que do nada ficou grave.
Fora
ele berrar em alto e bom tom no meio de um desfile que tinha um plano para
destruir a mocinha e ninguém perto escutou.
Dentre
as ações do vilão e suas duas asseclas - que faço a menor ideia de quem sejam,
e desconfiam que não foram em nenhum momento nomeadas - foi a de instalar um vírus
tanto no computador da protagonista quanto da agência.
Momento
em que somos brindados com o mais puro suco do desconhecimento de coisas
básicas, como o funcionamento de um vírus ou da internet. Tendo em vista que
uma das ações do filme incluía a divulgação de um portal, o esperado é
que ao menos um dos envolvidos conhecesse na área de TI e perguntasse se o que
estava escrito estava bom e quais alterações ele poderia sugerir.
Porque
é inaceitável assistir a coisas como “vírus instalado com sucesso”, “sempre que
houver um vírus instalado no computador um símbolo irá ficar piscando no meio
da tela”, além de um sujeito no meio do nada “espionando” o computador de terceiros
num lugar sem qualquer conexão com a internet (em 2000 não existia wi-fi).
Na
tal Agência Popstar parece que tiveram a ideia de Vany (Sílvia
Pfeifer) uma espécie de rival de Nick, mas meio que esqueceram dela, já
que não dá em nada.
Enfim,
o filme adora abusar de narração em off, que não tem qualquer finalidade e
filmar os mesmos locais aleatórios.
A
grande maioria dos personagens que têm mais de uma fala no filme parecem que saíram
diretamente de um episódio da Praça é Nossa, a coisa estava tão fora de
tom que fiquei esperando pela hora de que alguém fosse gritar “phiphooo!”.
O
filme aparenta ter várias participações especiais quanto aos modelos que aparecem
ao longo do filme. Gente que eu faço a mínima ideia de quem sejam e que
provavelmente eram famosos nos idos dos anos 2000.
Pessoas
essas que poderiam ter passado ao menos por umas aulinhas de atuação, né, ô
povo que não tinha noção do que estava fazendo.
A
direção desse acumulado de nada ficou sob a batuta de dois nomes, Paulo
Sérgio de Almeida e Tizuka Yamasaki. Enquanto o primeiro foi responsável
pelos dois Xuxa e os Duendes, o segundo dirigiu algumas novelas, como Metamorphoses
da Record e Kananga do Japão na Manchete.
O
roteiro contou com três cabeças, seis mãos e a consistência de uma paçoca feita
de qualquer jeito. Enquanto Elizeu Ewald participou de apenas essa
produção no Universo Cinematográfico da Xuxa, Vivian Perl e Wagner de
Assis, participaram de outras, como as duas aventuras dos Duendes.
Foi-nos
entregue uma trama com dificuldade de avançar, em que a inteligência dos telespectadores
é insultada a todo o momento, e personagens que em um universo de mais de sete bilhões
de pessoas jamais se comportariam daquela maneira.
Por
mais que seja uma trama voltada para o público infantil/pré-adolescente dava
para pensar em algo melhor, eu poderia até exagerar na barra e dizer que o
primeiro Toy Story já tinha cinco anos quando esse aqui saiu (e mesmo o segundo
já estava de aniversário na época), só que já lidávamos a anos com as produções
da TV Cultura no cenário nacional, e que nunca precisaram apelar para um
nível tão baixo.
A
sonoplastia do filme seguiu a mesma linha, parece que comprou o pacote básico
de alguma série de baixo orçamento dos anos 1980 e usaram e abusaram dos clichês
mais rasteiros possíveis.
Logo
no início do filme uma das modelos é zoada pelas demais por “perder as horas”,
nem imaginariam que anos depois ela ficaria marcada por perder outras pessoas.
Quando
ninguém mais se importava e quando restavam uns trinta minutos para essa agonia
acabar, lembraram de introduzir o tal Raio de Luz, e com uma
participação cuja única justificativa foi dar um par romântico para a
protagonista, já que estamos numa repetição de roteiro.
Será
que alguém achou a ideia do final genial?
Entre
no meu carro, na estrada de Santos
Eu gostaria de poder ter visto as reações do autor da resenha ao assistir esse "belíssimo" produto cinematográfico!
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