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DUNGEONS & DRAGONS 2: O PODER MAIOR


Dados Técnicos:


Nome Original: Dungeons & Dragons: Wrath of the Dragon God
Ano de Produção: 2005
Duração: 105 minutos
Gênero: Fantasia
Formato: Filme direto para televisão


Com: Bruce Payne, Mark Dymond, Clemency Burton-Hill, Ellie Chidzey, Tim Stern, Steven Elder, Lucy Gaskell e grande elenco.



Dungeons & Dragons (literalmente Masmorras e Dragões) é um dos Role-Playing Game (RPG’s) de mesa mais famosos de todos os tempos, tendo sido criado no ano de 1974 por Gary Gygax e Dave Arneson. A popularidade do jogo foi tamanha que o potencial de venda e exploração comercial do mesmo acabou sendo notado e se expandiu por outras mídias, alcançando o maior destaque com uma série homônima de 1983, que ficou conhecida por estas bandas como “Caverna do Dragão”.

E com tamanho sucesso envolvido era inevitável que a marca ganhasse uma adaptação para os cinemas, e foi isto que aconteceu em 2000 com a estreia de Dungeons & Dragons (Dungeons & Dragons – A Aventura Começa Agora).

Bem, toda esta rápida introdução ao universo de Dungeons & Dragons faria mais sentido se estivesse presente em um texto referente ao primeiro filme, como não pretendo falar dele (por hora), e, apesar de ser tão questionável quanto este segundo, além de que este é o primeiro texto que faço, acabou que ela veio parar aqui.

Pois bem.

Existem alguns filmes que marcam as pessoas, e Dungeons & Dragons 2 foi um destes filmes que me marcaram, não por algum bom motivo, mas sim por que antes de ter que assisti-lo novamente para que escrevesse este texto, havia mais de dez anos que tinha assistido ele por até então sua primeira e  única vez, e lembrava bem de como não gostei minimamente dele. Era algo pavoroso de acompanhar.

Ao contrário do primeiro filme que possuía uma aura de grande produção, tendo em seu elenco alguns nomes que vinham de trabalhos bem sucedidos no final dos anos 1990, contou ainda com a ilustre presença de Jeremy Irons (aliás, como ele vez ou outra se envolve com umas bombas), esta continuação não recebeu os mesmos benefícios e glórias, mas manteve os seus malefícios, e como manteve. E é principalmente deles que falarei a seguir.

Mas, enfim, vamos ao que realmente importa.

Além do nome que carregam em comum a única ligação existente entre este filme e o seu predecessor é a presença de Damodar (Bruce Payne) que aparece livre do exílio ao qual fora condenado no primeiro longa.

Aliás, ao optar por estabelecer esta ligação entre os filmes, o roteiro não deixou claro (ou ao menos eu não consegui perceber, se alguém souber me avise) qual foi a passagem de tempo no universo ficcional entre as duas produções.

Outra coisa que não ficou clara. Por acaso é o mesmo reino nos dois filmes? Porque no primeiro é chamado de Izmer enquanto que no segundo é Ismir. Nem sei por que estou me preocupando com isso, afinal não gostei de nenhum dos dois filmes.

Como se vê, coerência não é o forte do roteiro do filme.

Roteiro este que foi escrito a seis mãos, coube a criação desta obra prima a Robert Kimmel, Brian Rudnick (cuja maior contribuição para o cinema foi como diretor de segunda unidade de alguns dos filmes de Emmanuelle) e Gerry Lively, sendo este também responsável pela direção desta maravilha (ele também conseguiu emplacar a direção do terceiro longa da “franquia”).

Com tamanhos nomes envolvidos não poderia se esperar muita coisa, e nada foi entregue.

Do início ao fim o filme não passa qualquer tipo de seriedade ou convencimento a quem se dispõe a assisti-lo, e o seu plot é o mais simples e batido possível.

Damodar conseguiu por as mãos em um objeto mágico (a Esfera de Falazuri) extremamente poderoso que guarda o poder adormecido de um dragão escondido e adormecido no interior de uma montanha próxima ao reino principal e que milagrosamente somente o protagonista sabia que estava lá (milagrosamente é uma palavra que meio a cabeça muitas vezes ao assistir esse filme por conta das soluções e conveniências apresentadas pelo roteiro).

O protagonista, que é mais um daqueles tipos esquecíveis, é Berek (Mark Dymond) um ex-cavaleiro do Reino de Ismir que se tornou político e conselheiro real e se casou com a feiticeira iniciante Melora (Clemency Burton-Hill), outra que é banhada pela conveniência do roteiro.

Antes que eu me esqueça, já que provavelmente não terei nenhum outro lugar para escrever isso, os cavaleiros de Ismir lutam e combatem fazendo uso de parkour. É surreal e bizarro assistir a isso, e eles só aparecem combatendo em treinamento, vai ver a grana estava curta para a utilização dos figurantes em mais cenas.

Quanto aos personagens, tirando os três já listados, todos os demais são jogados na tela sem qualquer explicação, com muitos sumindo logo em seguida, não há nenhuma preocupação. Do meio para o final do filme não me recordo mais de ter visto o Rei de Ismir, por exemplo.

Mesmo a gangue de Berek, que o acompanha ao longo de todo o filme, ela é simplesmente lançada à tela sem qualquer explicação quanto as suas motivações ou o que levaram a acompanha-lo na jornada.

Eles são apresentados enquanto o protagonista vai descrevendo quem ele gostaria de ter o acompanhando na sua jornada e logo em seguida já estão todos reunidos partindo na missão.

Assim temos a bárbara Lux (Ellie Chidzey), o clérigo Dorian (Steven Elder), a elfa feiticeira Ormaline (Lucy Gaskell) e o gatuno Nim (Tim Stern). Os tipos e classes mais comuns de um RPG.

Não vou dedicar muito tempo aos atores (e nem tem muito que falar aqui), eles são bem ruins e deixam a desejar a todo o momento. As atuações são sofríveis e você é incapaz de guardar algum momento deles.

Como era de esperar de um roteiro preguiçoso, estamos diante de um grupo de desajustados que não se entendem e ao longo da sua jornada aprendem a conviver um com os outros para alcançarem o objetivo. Com um pouco de boa vontade, em dado momento do segundo ato houve uma rápida tentativa de desenvolvimento dos personagens Lux e Nim, chegando a gerar uma tentativa de ship entre os dois, mas logo abortada.

Os personagens são totalmente genéricos, você não consegue gerar a mínima simpatia por qualquer um deles e não se importa com o que pode acontecer com eles. Você chega a desejar a morte deles para acabar logo com o seu tormento. “Morre diabo”.

A situação beira tanto ao ridículo que em dado momento aparece uma pomba que fica uns dez segundo em tela, e a explicação sobre quem ela era e o seu papel a faz ter um background maior do que a quase a totalidade dos personagens. Para se ter uma ideia do problema da coisa, tem um sujeitinho que aparece a partir do segundo ato e depois ajuda Damodar que eu faço a menor ideia de quem seja. Será que se eu conhecesse o universo de Dungeons & Dragons eu saberia quem ele é? Para uma pessoa de fora e leiga essa é uma terrível experiência.

A trama como um todo é previsível e cansativa, não há nenhuma cena de clímax capaz de fazer você se empolgar minimamente, você simplesmente torce para aquilo acabar o mais rapidamente possível. São cento e cinco minutos de filme que se arrastam em tela. Chegou uma hora que mais parecia que estava a duas semanas assistindo aquilo e quando fui ver ainda faltavam mais vinte minutos.

E olha, antes de assistir a ele tinha acabado de assistir De Volta Para o Futuro Parte 3, então da para ter uma noção da minha agonia (e se você não assistiu a De Volta Para o Futuro, vá ver os três agora!).

Chegou a certa altura da trama que aconteceu algo que já imaginava ser um plot twist interessante, mas quando fui parar para prestar atenção era o resultado de algo que tinha acontecido pouco antes, mas era tão desinteressante que já tinha até esquecido e fui pego de surpresa.

Para um filme que se propõe a ser uma aventura fantástica adaptada de um RPG há quase cena nenhuma de batalha, e as que existem não são lá grandes coisa, ou seja, mantem a média do filme, e elas acabam tendo tantos cortes que você acaba se perdendo sem conseguir entender direito o que está acontecendo.

Aquela que era para ser a grande batalha final do filme acaba se mostrando uma repetição constante das mesmas cenas sem chegar a lugar algum, e não passando qualquer sensação de perigo.

Isso leva a outro dos inúmeros problemas do filme. Os efeitos especiais.

É incrivelmente destacável o péssimo trabalho de efeitos especiais ocorridos aqui. Solta aos olhos como algo pode ser tão mal executado. Por mais que o orçamento do longa não fosse lá essas coisas – pelo o que consegui apurar foi na casa dos doze milhões de dólares – em 2005 já era possível realizar um trabalho melhor do que aquele que foi apresentado.

No início, quando ainda não tinha me acostumado, fiquei com dúvidas se o que estava acontecendo era algum problema com o vídeo – que não era lá essas coisas – ou eram os “efeitos especiais”. Então, eram os efeitos mesmo.

O trabalho realizado lembra muito os das cenas americanas na primeira temporada de Power Rangers quando precisavam integrar com algum elemento da trama original de Kyōryū Sentai Zyuranger (Esquadrão Dinossauro Zyuranger), e o resultado não saía lá essas coisas ou era muito convincente. E, bem, como assisti a ela no ano passado, ainda esta fresca na minha mente aquelas tosqueiras. Acontece que Power Rangers é de 1993, doze anos antes de Dungeons & Dragons 2!

Além disso, os dragões que aparecerem mostram-se como um bando de criaturas genéricas terrivelmente criadas por computação com uns efeitos que dão a eles uma sensação de que tinha acabado de sair de um episódio de Angela Anaconda.

Eu tenho muita curiosidade de saber se os responsáveis pelos efeitos especiais conseguiram algum outro trabalho depois desse. Porque eles estão de parabéns pelo o que fizeram aqui.

O trabalho de fotografia do filme é outro ponto a desejar, não da para saber se algumas locações são cenários feios ou fruto do trabalho ruim do pessoal da computação gráfica.

Além disso, algumas das cenas do filme são tão escuras que não da para enxergar direito o que está acontecendo.

Para não dizer que só tenho reclamações ao filme, a trilha sonora é até interessante para os padrões apresentados, o detalhe é que só fui notar ela pela primeira vez aos 53 minutos de filme. Sinceramente não sei dizer se teve a presença dela em algum momento anterior a esse.

Fora isso, não consigo imaginar qualquer outro elogio possível de fazer aqui.

Desta forma, não há muito mais o que possa acrescentar aqui.

Não se torna um filme totalmente esquecível porque fica aquele gosto ruim de ter perdido o seu tempo assistindo a ele e vez ou outra o arrependimento vai bater na sua cabeça.

Uma sensação que passou assistindo foi de que tirando o Bruce Payne como Damodar que mais parecia estar se divertindo com tudo aquilo, todos os demais atores estavam se levando a sério em seus papéis, não é por acaso que aquele foi o melhor personagem do filme.

Enfim, não havia nenhum motivo que justificasse uma sequencia para o primeiro Dungeons & Dragons, e ela acabou ocorrendo. Faço a menor ideia do porquê decidiram fazer isso. Será que foi uma tentativa desesperada de se aproveitar do sucesso alcançado pela trilogia d’O Senhor dos Anéis de Peter Jackson apostando em uma nova aventura fantástica? Aliás, porque diabos estou cogitando uma comparação dessas?

Mas se não bastasse um segundo filme, eis que 2012 os responsáveis resolvem brindar a humanidade com um terceiro filme, Dungeons & Dragons: The Book of Vile Darkness (Dungeons & Dragons 3: O Livro da Escuridão). Filme este que faço a menor ideia do que se trata, do qual só descobri a existência por acaso ao buscar informações para complementar aqui, e do qual pretendo manter a maior distancia possível.

Igual eu deveria ter feito deste segundo, o qual arrependo amargamente de ter assistido novamente.

Era melhor ter deixado ele enterrado lá no canto da minha memória como algo ruim, não precisava ter rememorado disso.

Agora não tenho noção de quanto tempo vou gastar para conseguir esquecer disso novamente, se é que vou conseguir esquecer, né.

Estranhamente teve gente que gostou dele.

Não quero entender ou mesmo imaginar o motivo por detrás disso, cada um deve saber o que faz, e gosto não se discute, tenta tolerar.

Talvez se você for um fã do RPG Dungeons & Dragons com uma mente muito aberta e um espírito acolhedor pode ser que você aprecie o filme por conta das magias, objetos e locais apresentados no filme – caso tenham correspondência com o jogo – senão, o melhor mesmo é manter distância e esquecer que esse filme exista.



Olhe para além das estrelas.

Comentários

  1. Olá, como seu primeiro hater oficial, darei as caras constantemente para criticar suas postagens. De preferência, sem fundamento algum, só para atacar gratuitamente seu trabalho e sua pessoa ou quem tentar te defender.
    Esteja avisado.
    Tenha uma ótima noite.

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  2. Consigo enxergar vc vendo esse filme e sofrendo com cada cena lamentável dessa obra. Aposto que vc gastou mais de 3 horas para ver esse filme inteiro de tanto que você pausava pensando em desistir dessa coisa. E de admirar sua coragem de ver um negócio desses ate o final por duas vezes.

    ResponderExcluir
  3. Como eleitor consciente, consigo enxergar através dos seus ataques baixos a uma obra de ficção do tamanho de D&D2 e ver que você direcionou um ataque à minha pessoa dizendo que eu gostei do filme!

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