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O QUARTETO FANTÁSTICO


Dados Técnicos:

Nome Original: The Fantastic Four
Ano de Produção: 1994
Duração: 90 minutos
Gênero: Ação, Aventura, Família
Formato: Longa Metragem


Com: Alex Hyde-White, Jay Underwood, Rebecca Staab, Michael Bailey Smith, Joseph Culp, Kat Green e “grande” elenco.


Nosso primeiro filme de super-heróis!

Eis que é chegada a hora de adentrarmos na seara que vem atraindo mais público aos cinemas nos últimos anos.

Mas ao contrário do que temos visto principalmente desde 2008 com o lançamento do primeiro Iron Man (Homem de Ferro), nem sempre a Marvel teve dedo de ouro para desenvolver as suas produções.

Surgida no início dos anos 1960 pelas mãos de Stan Lee (argumentos) e Jack Kirby (ilustração) é tida como a primeira super-equipe formada nos quadrinhos, possuindo status e importância até os dias de hoje, mesmo quando passa períodos longe dos quadrinhos.

Assim, somos transportados para meados dos anos de 1980, em que uma confluência de fatores levou a Marvel a partir para uma empreitada cinematográfica.

A instituição enfrentava uma das suas várias crises financeiras, e para tentar contornar tal situação se viu obrigada a licenciar os direitos de várias de suas marcas, como o próprio Capitão América, que possui um filme do início dos anos 1990 capaz de aparecer em momentos vindouros.

Além disso, a sua principal concorrente, a DC Comics, em 1978 e 1981 já tinha emplacado nos cinemas o sucesso de Superman: The Movie (Super Homem – O Filme) e Superman II (Super Homem II – A Aventura Continua), e veria ainda mais um sucesso surgir com Batman em 1989.

Assim, os direitos foram negociados com a produtora alemã Constantin Film em 1986, devendo ela produzir o filme até o final de 1992, ou então teria que pagar uma multa contratual.

Um breve parêntese, apesar de ser uma produtora relativamente pequena, quando a Constantin Film conseguiu os direitos para produzir o longa já tinha em seu catalogo The NeverEnding Story (A História Sem Fim) e naquele mesmo 1986 e produziria ainda The Name of the Rose (O Nome da Rosa), e, por fim, em 1993 The House of the Spirits (A Casa dos Espíritos), vários filmes de qualidade.

Após este filme, a produtora foi só ladeira abaixo com os filmes da franquia Resident Evil, e os outros filmes baseados no Quarteto Fantástico, cuja única nota de destaque é serem melhores do que esse.

Aí quando o prazo estava para vencer, e não querendo arcar com os riscos de ter que pagar a multa estabelecida e perder os direitos sobre os personagens, a produtora resolveu fazer o filme, mesmo que de qualquer jeito – e foi de qualquer jeito mesmo – e contanto com um orçamento de um milhão de dólares é dada a largada, e...

Os responsáveis da Marvel ao verem o filme antes dele estrearem imediatamente vetaram o mesmo, e compraram todas as cópias existentes para destruírem, mas como nem tudo é perdido, ao menos uma dela sobrou e caiu na internet, permitindo às pessoas que pudessem assistir ao filme.

E meu Deus...

Tenho que dar o braço a torcer. Por conta da “lenda” em torno desse filme (a primeira vez que escutei a respeito foi lá por volta de 2002), sempre imaginei algo ainda pior do que o resultado apresentado aqui. Não que tenha sido aquela coisa, mas tinha condições de sair algo ainda pior.

Desta forma, deu para entender bem o porquê de não levarem às telas de cinema o filme produzido.

Ele passou longe de atingir um patamar mínimo aceitável e tolerável, e o gasto dos módicos – para os padrões cinematográficos – um milhão de dólares, ajudaram a refletir bem a baixa qualidade do empreendimento em todos os seus aspectos.

Só mesmo o desespero para evitar a perda dos direitos sobre os filmes, além da multa contratual existente, para decidirem levar a cabo algo nessas condições. A equipe toda está de parabéns.

E logo de início somos apresentados a três minutos de imagens congeladas da Terra com uma musica genérica ao fundo só para servirem aos créditos iniciais.

Eis um bom exemplo, em como gastar tempo e otimizar o dinheiro.

Ou seja, desde o começo, você já nota que algo de bom não sairá dali e já anda com o espírito armado para o que vai encontrar.

A maior parte do filme ocorre à noite ou em ambientes escuros. Além de vá lá, uns oito minutos após os créditos iniciais só em outros três momentos ao longo do filme é que se viu algum momento diurno.

Caso tentou ser um filme “trevoso” não deu muito certo.

A minha maior surpresa foi ver que o primeiro ator a aparecer era George Gaynes, ainda que por uma breve ponta, que logo você esquece. Para quem não liga o nome à pessoa, ele foi o Comandante Eric Lassard em Police Academy (Loucademia de Polícia) e Arthur Bicudo em Punky Brewster (Punky, a Levada da Breca). Coitado, olha onde foi se meter.

Muito embora o filme se arreste em vários pontos de forma totalmente desnecessária, somos rapidamente apresentados aos principais personagens.

De inicio é focado na amizade entre os dois colegas de faculdade Reed Richards (Alex Hyde-White) e Victor Von Doom (Joseph Culp), e a pesquisa deles sobre um cometa radioativo que a cada dez anos se aproxima da Terra. Só que algo dá errado durante a interação com os raios emanados pelo cometa e Doom morre de uma forma bem patética.

O médico e seu assistente, responsáveis por comunicar a morte de Victor, são dois dos tipos mais estranhos que você verá por aí, e passam tanta credibilidade quanto Nick Riviera em The Simpsons (Os Simpsons).

Além disso, o laboratório de pesquisa dos amigos, é algo à parte que deve ser destacado, mais parece o laboratório de algum “cientista vilão da semana” de Tokkei Winspector, com aquele padrão de extrema baixa qualidade.

Após isso, há um salto temporal de dez anos no futuro e Reed novamente tenta por em prática o seu plano de conseguir domar a radioatividade do cometa, só que agora ele decide ir diretamente até lá em uma nave aeroespacial.

Agora ele é um homem rico e influente e conta com a companhia do seu parceiro de longa data Ben Grimm (Michael Bailey Smith), que se apresenta como um piloto aeroespacial.

Assim, faltava só a tripulação da nave, e os dois logo se lembram dos irmãos Storm, filhos da senhoria da pensão em que moravam enquanto estavam na faculdade.

O mais brilhante da história toda, é que ao chegarem na casa ela leva totalmente a sério a fala deles de convidarem os filhos, e mais do que isso, ao chamar eles, ambos já estão prontos para a viagem.

E na saída, como não poderia deixar de ser, a Senhora Storm (Annie Gagen), nomeia eles como “O Quarteto Fantástico”! Tudo lindo e maravilhoso.

Com toda a equipe formada, agora era a hora de eles seguirem adiante em sua jornada, mas sem antes ocorrer a apresentação do mais carismático e magnético dos personagens do filme, O Joalheiro (Ian Trigger), uma figura do submundo e totalmente inútil para o filme, que furta o diamante que o Quarteto necessita para o sucesso da sua empreitada.

Essa parte tem outro problema muito sério. Que é o total amadorismo da segurança do Edifício Baxter. A facilidade com que ele acessa o local em que estava o diamante e o furta é impressionante, além do que as câmeras de segurança do local eram monitoradas por espiões subordinados ao misterioso Doutor Destino, que estavam de olho no fracasso do projeto.

Doutor Destino que é sempre mostrado dentro do seu castelo, uma das coisas mais mixurucas já apresentadas, e que jogos de Super Nintendo apresentavam uma ambientação bem mais elaborada.

Porque cargas d’água o que é de fundamental importância para o sucesso da missão não estava melhor protegido? Para alguém que buscava uma reparação após dez anos do seu insucesso era para ser bem mais cuidadoso com a chave para o sucesso da missão. Enfim...

Além disso, há a introdução de Alicia Masters (Kat Green), uma jovem cega, que teve o trabalho de faculdade derrubado por Ben Grimm e depois e carregada por ele, e os dois se apaixonam mutuamente. Não tente entender os motivos, porque eu também não entendi. Outra personagem totalmente inútil para o desenrolar da trama.

Sério, o filme com tantos problemas de orçamento e data e eles ainda me acrescentam dois personagens, com seus arcos próprios que muito pouco ajudam no desenvolvimento da trama.

Mas voltemos ao que importa.

Apesar de Sue (Rebecca Staab) e Johnny (Jay Underwood) terem aceitado a missão, eles não sabiam como deveriam proceder; sério, que tipo de “trabalho de vida” é esse que sai recrutando a primeira pessoa que vê pela mente e não os prepara para o que vem por aí?

Mas nada como um roteiro bem resolvido para solucionar os perrengues, afinal, ao chegarem ao “espaço” eles já se encontram totalmente familiarizados com a atividade.

Por conta do problema com o diamante, mais uma vez a missão é um fracasso e a nave se esborracha no chão, mas eles sobrevivem e começam a despertar poderes incríveis.
Reed Richards adquire a habilidade de esticar qualquer parte do seu corpo; Johnny Storm é capaz de criar chamas, inclusive do seu catarro; Susan Storm o poder da invisibilidade; e, por fim, Ben Grimm, se transforma em uma criatura rochosa e resistente.

O bom é que isso era para ser a primeira meia hora do filme, mas quando essa parte acontece boa parte do filme já transcorreu e você não aguenta mais.

Eles acreditam terem sido localizados e levados pelo exército americano em uma tentativa de desvendarem os seus poderes, mas acabam descobrindo que tinham sido sequestrados.

A noção de tempo e espaço é extremamente preocupante aqui. O local em que estavam sequestrados era o país chamado Lativeria, e lá era de noite, eles chegam à Nova York, e lá estava de noite, e a posteriori quando interagem com quem o sequestrou, lá também estava à noite.

Isso aqui já esta ficando chato e cansativo então vamos agilizar.

Após uma mensagem motivacional saída diretamente de um episódio do He-Man, eles acabam se entendendo, com o Coisa demorando um pouco mais, só após a famigerada jornada de aceitação, que não dura nem uma noite.

E derrotam o inimigo final e salvam Nova York.

As cenas de ação são raras e de uma pobreza sem tamanho, se limitando na maior parte das vezes em mostrar o Coisa levando tiros ou derrotando paredes, ou Reed Richards usando a sua elasticidade que mais parece alguém sendo atacado por cotonetes.

Como deu para notar, o filme é bem ruim, e nada ajuda, sejam atores, visuais ou mesmo o roteiro, que mais bem trabalhado poderia ajudar um pouco a segurar o filme.

Na maior parte do tempo você não consegue ter a menor ideia de onde as coisas estão acontecendo. Certa hora aparece a entrada de um prédio que mais lembra a sede da MIB e nunca é explicado o que é aquele local.

A mínima explicação das coisas é o que mais falta aqui, é tudo jogado na sua cara e você tem que dar um jeito de aceitar e digerir o que acontece.

As atuações são outro ponto sofrível do filme, os atores a todo o momento levavam muito a sério o papel, além de serem bem canastrões, principalmente os subalternos do Doutor Destino.

Ainda teve uma cena de casamento, e um dos personagens que aparece ao  longo do filme, que é um dos progenitores de um dos nubentes, não dá as caras. Será que faltou grana para pagar a diária do ator?

Como já dito, a produção do filme ficou uma bagunça sem tamanho, e ela ficou a cargo de duas pessoas. Roger Corman e Bernd Eichinger.

O segundo por ser o proprietário da Constantin Film esteve ligado aos mesmos filmes listados acima, até a sua morte em 2011, já o segundo, é um nome bastante conhecido no meio audiovisual por estar sempre ligado a filmes de baixo orçamento, como os filmes da franquia Sharktopus, Little Shop of Horrors (A Pequena Loja dos Horrores), Battle Beyond the Stars (Mercenários da Galáxia) e Stepmonster (Minha Madrasta é um Terror), que só está aqui nessa lista, porque vi ele uma vez no Intercine em 1999 e nunca mais lembrei do nome, até ver a lista entre as produções de Roger Corman.

A direção do filme ficou sob a batuta de Oley Sassone, cujos únicos pontos de destaque na carreira são a direção de alguns episódios de Hercules: The Legendary Journeys (Hércules), Xena: Warrior Princess (Xena: A Princesa Guerreira) e She Spies (As Espiãs).

Por fim, este belo roteiro coube à Craig J. Nevius e Kevin Rock, e obviamente nenhum dos dois tiveram qualquer trabalho digno de nota.

Os figurantes que aparecem ao longo do filme foram catados à força na rua ou eram parte do pessoal responsável pelo filme?

Será que o tão criticado filme de 2015 é melhor?


Belos ossos?

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