Dados
Técnicos:
Nome
Original: Xuxa & os Duendes 2: No
Caminho das Fadas ¬¬
Ano
de Produção: 2002
Duração: 91 minutos
Gênero: Aventura, Família, Fantasia
Formato: Longa-metragem
Com: Xuxa, Juliana Baroni, Adriana Bombom,
Ana Maria Braga, Vera Fischer e outros nomes do cenário artístico nacional
Esta é uma lista de
baixos, e quando me propus a fazer ela tinha certeza que ao chegar a este filme
teria atingido o “ápice do buraco”.
Nem sei o que dizer,
onde é que estava com a cabeça ao me propor a assistir “Xuxa & os Duendes
2”?
Até aqui o fato que é
maior digno de nota até é de saber que o filme é do ano de 2002, sempre achei
que fosse mais “novo” (sei lá, algo por volta do ano de 2004, por aí).
Comentar sobre a popularidade
alcançada por Xuxa ao longo dos anos 1980 e 1990 é chover no molhado, basta
lembrar (para quem já possuía certa idade na época) toda a comoção em torno do
nascimento de sua filha, cujo pai calhou de justamente ser o par romântico desta
aventura, o que explica certas conveniências entregues pelo roteiro.
Se há algo que possa
me orgulhar, é saber que nunca fui fã da Xuxa (obrigado mamãe por me lembrar),
mas, ainda assim, por fatos alheios à minha vontade, quando pequeno acabava
sendo “coagido” a acompanhar alguns de seus trabalhos, seja os programas de
televisão, seja os filmes, por isso, por mais de uma vez já assisti a obras do
quilate de Super Xuxa contra o Baixo
Astral e Lua de Cristal.
Uma das vantagens da
idade foi acabar com a obrigatoriedade de ter que assistir aos filmes dela (e
consultando o seu currículo cinematográfico pude certificar que a última
produção que ela atuou que acompanhei foi a Xuxa
e os Trapalhões em o Mistério de Robin Hood, que é do ano de 1990, que bom).
Nada como me manter
ao largo por tantos anos.
Aqui um parêntese se
faz necessário para aqueles que tenham menos de 25 (vinte e cinco) anos, ao
longo das últimas décadas, até meados dos anos 2000, era tradição anualmente
ter um filme da Xuxa e outro dos Trapalhões lançados no cinema, o que diminuiu
consideravelmente após a saída dela dos quadros da Globo (ainda bem), e hoje
faço a menor ideia se ainda tem filmes dos Trapalhões sendo lançados.
Neste cenário,
estamos diante do nosso primeiro filme nacional.
Como é de se supor
pelo o que falei, nunca assisti ao filme predecessor (creio que só algumas
cenas lá em 2005 durante uma exibição na Globo quando estava mais preocupado
com outras coisas, que, aliás, faço a menor ideia de qual dos dois era, e,
convenhamos, pouco importa), desta forma, vou cair sem paraquedas no lore xuxesco.
Assim, abrem-se as
cortinas para Xuxa & os Duendes 2: No
Caminho das Fadas.
Que o meu suplício
valha a pena.
Nesta aventura
cinematográfica protagonista pela “Rainha dos Baixinhos” estamos diante de Kira (Xuxa), a duende da luz, que vive
disfarçada no mundo humano como uma botânica (e aqui vemos pela primeira vez o
conceito da “mãe de planta”, algo que acabou virando moda em 2019), contando
com o auxílio de seu assistente Alface
(Tadeu Mello), que logo no início da projeção nos apresenta ao seu primo Chuchu (Luiz Carlos Tourinho), que de
imediato é contratado pela protagonista para trabalhar para ela – quem diabos
sai contratando alguém sem saber quem a pessoa é?
Paralelamente somos
apresentados a Rafael (Luciano
Szafir) um mancebo solteiro que vive rodeado de seus quatros sobrinhos, Fernanda Maia (Debby Lagranha), Daniel (Bruno Abrahão), Ana (Maria Mariana Azevedo), e, Gabriela (Thainá Medeiros), quatro
crianças irritantes, que sempre quando apareciam era sinal de raiva na certa.
O terceiro núcleo
“importante” é composto pelas bruxas Algaz
(Betty Largo), Bertildi (Cristina
Pereira), Desdêmona (Vic Militello) e
Adastéia (Karen Acioly), que são as
responsáveis por serem as antagonistas do filme; núcleo este que conta ainda
com as “participações” de Epifânia
(Deborah Secco), uma bruxa que não é má, e, Gorgon
(Guilherme Karan), uma figura que não sei o que é, mas pelas falas do filme,
foi alguém que teve um papel importante no primeiro.
Estes sãos os
responsáveis por tentar fazer as engrenagens do filme rodar e levar a trama
para algum lugar.
Pois bem, a história
tem como mote o desejo das bruxas em realizar um feitiço poderoso que seria o
responsável por transformar o coração de todos aqueles apaixonados em pedra, e,
assim, varrer o amor da face da Terra (se tal feitiço tem nome próprio, faço a
menor ideia, passou totalmente despercebido por mim, sinto muito).
Tendo em vista o
tanto de desilusões amorosas que temos todos os dias acaba até sendo uma boa
ideia.
E para que o feitiço
atinja a potência necessária (acho que é esta a ideia, ou ao menos foi o que
consegui entender no meio de tanta fala desconexa) eram necessárias as lágrimas
de medo de uma criança especial, uma criança que tivesse “o coração rosa”.
Tal criança era o
fruto do amor de duas espécies diferentes, da bruxa Epifânia, com o elfo Dáfnis
(Thiago Fragoso), criança esta que estava escondida no mundo humano já havia
cinco anos para a sua proteção contra os anseios malignos das vilãs.
E tão somente agora
as malignas bruxas se deram fé de tamanho poder!
Desde o início os
espectadores sabem quem é tal criança, pois não há a mínima preocupação por
parte dos responsáveis do filme em tentar criar algum tipo de “mistério” no
entorno desta figura para ser revelado no momento de clímax da película
(hahahahahahaha), então, só os apalermados personagens que acabam não sabendo
quem ela é.
(Ah sim, o “reino
mágico” com todas estas criaturas fica numa realidade paralela cuja entrada
fica no meio de uma mata no Rio de Janeiro).
Assim, Kira, como boa protagonista que é, parte
em direção ao castelo das bruxas na tentativa de impedir que o intento delas se
concretize e assim salve os coraçõezinhos enamorados de todos na Terra.
E em sua jornada por
esta terra mágica ela vai se encontrando com outras espécies fantasiosas dentro
do que mais parece ser um grande concurso de “cospobre” (e na prática a única
espécie além das já mencionadas que aparece no filme é um troll dotado de uma péssima fantasia e participação).
Espero que a esta
altura você já deva estar se perguntando a respeito do tal “Caminho das Fadas”
que dá nome a película.
Então, para alguém
que ainda tenha a pureza no coração e não tenha acompanhado a este filme, pode
pensar que ele tem um grande papel para o desenrolar da história, sendo
necessário para que o bem possa prevalecer mais uma vez.
Só que não.
O tal “Caminho das
Fadas” é irrelevante para a história, não fazendo qualquer sentido a sua
presença, conta tão somente como uma breve menção por parte de um personagem
igualmente irrelevante, quanto ao perigo para a jornada que a protagonista
teria que enfrentar para chegar até lá – perigo este que jamais acontece –, fora que se trata de uma jornada de uma cena, só
mostra chegada da heroína até a terra das fadas.
Acho que alguém achou
o nome bonito e por isso entendeu por bem colocar ele no título. Sério, os
subtítulos tem importância para a trama, até em Police Academy (Loucademia de Polícia) – um exemplo bem aleatório –
eles têm este tipo de preocupação, algo que faltou totalmente aqui.
É muita perda de
tempo envolvida em um só local.
De toda forma, a
história acaba chegando ao “Reino das Fadas”, sendo parte “importante” da
jornada para que Kira pudesse chegar
ao castelo das bruxas, e, assim, colocar um ponto final no quiproquó criado
pelas bruxas.
Este reino é
comandado pela Rainha Dara (Vera
Fisher) numa caracterização que nem sei o que dizer de tão estranha que é.
Ficou algo tão “diferente” que é uma imagem marcante para quem não viu o filme.
Além dela este reino
conta ainda com a presença da Profetiza
Kálix (Zezé Motta) – numa animação contagiante para atuar, ela não estava
nem se divertindo nem levando a sério aquilo ali –, da Fada Luz (Nathália Rodrigues) – que não me lembro de ter visto ela
em algum momento –, Fada Kin (Juliana
Baroni), Fada Azul (Adriana Bombom), Fada Amarela (Ana Paula Almeida), Fada Amarela (Ana Paula Almeida), Fada Rosa (Monique Alfradique), Fada Turquesa (Lana Rodes), Fada Vermelha (Daiane Amêndola), Fada Lilás (Gabriella Ferreira), Fada Violeta (Joana Mineiro), Fada Laranja (Letícia Barros), Fada Verde (Stephanie Lourenço), Fada Peróla (Thalita Ribeiro), e, ufa, Fada Milly (Cláudia Rodrigues).
Criatividade mandou abraço na hora de nomear as fadas.
Não sei de onde
saíram tantas fadas. A maioria deve ter feito uma ou outra ponta.
Destas a que teve uma
maior participação – e ainda assim totalmente desnecessária – foi a Fada Milly, que tinha a missão de ser
engraçada e falhou totalmente nela, fazendo uso repetido de uma mesma piada,
que desde a primeira vez não teve qualquer graça.
É curioso notar que o
elenco é relativamente curto (se ignorarmos o absurdo que é o tanto de fada
fazendo figuração), e ainda assim aparenta ter gente demais no filme. Umas duas
crianças bastariam, enquanto que as bruxas são idênticas, não sendo necessário
ter quatro delas. Fora a dupla Alface
e Chuchu que tinham a atribuição de ser
uma presença engraçada, mas não conseguiram.
O filme não é nada
engraçado, é enfadonho e arrastado. Nem mesmo os “defeitos” que acompanham ele
o torna engraçado.
Já no que se referem
aos problemas, eles se amontoam aos montes aqui.
Pode escolher
livremente. Roteiro, atuações, cenários, fantasias, músicas, áudio, nada
funciona.
Minto. Tem algo que
funciona sim, a cara de pau que é o merchandising,
é de uma desfaçatez sem tamanho o que fazem, faz até a clássica propaganda de
um Polo 2003 em plenos anos 1970 naquele filme Casseta & Planeta: A Taça do Mundo É Nossa ser mais “natural”. É
vergonhoso o que fazem, tanto quanto a escola de inglês quanto principalmente o
biscoito recheado (que inclusive poderia ser cortado do filme e usado como
propaganda convencional que iria funcionar muito bem).
Em dado momento tem
um dialogo travado entre a Rainha Dara
e a Fada Kin que é assustador, as
atuações até nos faz lembrar aquelas peças teatrais que éramos obrigados a
apresentar na escola e da qual não tínhamos a menor preparação técnica. O que
só escancara ainda mais as falhas do filme, já que aqui temos atores rodados e
com fama, em nada justificando a falta de preparo para o filme.
Neste aspecto caberia
um maior cuidado por parte do diretor do filme, mas que neste tipo de produção
que conta com um nome forte tanto como protagonista quanto como produtor, acaba
limando os “poderes” dele, fazendo com que faça um trabalho mais controlado e
sem muita liberdade de criação.
Aqui acabaram sendo
dois os diretores, Paulo Sérgio Almeida,
que além deste dirigiu o primeiro Xuxa &
os Duendes e conta como outro trabalho conhecido (por mim) Xuxa Popstar, e, Rogério Gomes que é o responsável pela direção de várias novelas da
Globo, indo de Deus nos Acuda até O Sétimo Guardião, enquanto que no
cinema dirigiu apenas os dois Xuxa &
os Duendes.
Mas como os problemas
vão muito além de ser só a atuação, logo os produtores tem uma grande responsabilidade
pelo produto entregue, e que de acordo com os créditos, são sete as produtoras
envolvidas neste evento, em que, acho que a Xuxa
Produções seja a principal (por mais que conte com a Globo Filmes e Warner Bros.
no projeto).
Mas voltemos aos
problemas.
Os cenários são um show
de horrores.
As plantas que compõem
a estufa de Kira parecem feitas de
plástico.
Nada dá certo na área
das bruxas, as “externas” do castelo fazem os cenários de Fantastic Four (Quarteto Fantástico) que tanto critiquei parecerem
mais críveis, e bem feitos, mesmo o seu interior deixa bastante a desejar, e a
penumbra do local não ajuda muito a esconder os problemas do cenário.
Enquanto isto, a “aldeia”
dos duendes é constrangedora, com um cenário chapado e sem vida, já a parte das
fadas até agora não entendi o que era para ser aquilo.
Há ainda alguns “efeitos
especiais” no filme, que mais parecem uma mistura do que teve de pior em Dungeons & Dragons 2 e Fantastic Four (Quarteto Fantástico),
saindo daí um suprassumo do horror visual.
Tem ainda uma luta no
final do filme que é outra coisa tenebrosa, dá até dó do ator que foi obrigado
a usar a fantasia e ter que se sujeitar àquilo. Se tivesse um prêmio para a
fantasia mais feia do filme ela ganharia certamente o primeiro lugar, com todas
as outras empatadas em segundo.
O filme tenta a todo o
momento passar uma mensagem de entender as diferenças, só que um dos
personagens é obrigado a suprimir a sua origem para poder viver com os outros,
o que vai de encontro ao que tentaram fazer aqui.
Tome problema de
roteiro. Ninguém se deu ao trabalho de revisar o que estavam escrevendo para
ver se tinha alguma coesão?
Roteiro este que ficou
a cargo de Vivian Perl e Wagner de Assis.
Vivian Perl conta em
seu currículo com dez roteiros lhe creditados, sendo oito produções em trabalhos
de Xuxa (sendo os filmes Xuxa Requebra, Xuxa Popstar, Xuxa & os
Duendes e Xuxa & os Duendes 2),
além de dois documentários.
Enquanto que Wagner de Assis além de ter co-roteirizado
os mesmos filmes que Vivian Perl,
ainda colaborou em cento e cinquenta e nove episódios da novela Além do Tempo e
escreveu outros quarenta e seis episódios da novela Espelho da Vida.
Em dado momento do
filme, foram ensinadas algumas palavras mágicas que deveriam ser usadas em
momento de “extrema necessidade” por serem poderosas (leia-se no final do filme
para derrotar os vilões), só que elas foram usadas a todo o momento, de forma
que perde todo o sentido o que foi dito anteriormente (além da importância no
momento decisivo).
Aliás, todos os
feitiços do filme são uma repetição eterna das mesmas palavras, poderiam ter ao
menos tido um cuidado de criar sortilégios novos, porque é ridículo imaginar
que tanto as palavras mágicas de confecção da poção quanto as magias para
atacar os adversários são as mesmas falas.
Os diálogos do filme
são uma boa lição para aqueles que ficam reclamando dos que foram escritos por George Lucas.
Não sou um
especialista em classes mágicas, mas de forma geral sempre imaginei que os
duendes fossem “inferiores” às fadas, então, para mim, não faz muito sentido a deferência
que a Rainha Dara trata Kira.
Mas, enfim, é um
filme em que a protagonista é uma duende, então aqui fariam Galadriel se curvar a ela.
Se o curso do tempo
não for diferente na realidade mágica, o filme se transcorreu todo em um espaço
de cerca de vinte e quatro horas, e ainda somos brindados com um casamento,
algo que não faz o menor sentido. Tirando aqueles irresponsáveis bêbados em Las Vegas, ninguém casa em tão pouco
tempo após ter conhecido alguém.
O filme contou ainda
com uma narração em off no final, que
mais parecia aquelas mensagens motivacionais do He-Man ao final de cada episódio.
Ah, o filme contou
ainda com as participações totalmente desnecessárias de Lix (Gustavo Pereira), o duende do tempo, e, Rodim (David Brazil), o duende da velocidade (aparentemente os
duendes neste universo fantástico contam com a mesma sorte de atributos que os
deuses nas mitologias pelo mundo).
O tamanho da bagunça
que é o filme se reflete até em uma cena que deveria ser de pós-créditos, já
que serviria de gancho para uma continuação (cruzes) e foi enfiada dentro do
próprio filme.
Antes que alguém
venha com o papo de que cenas pós-créditos é coisa da Marvel saiba que já era algo já utilizado anteriormente, como no
caso de Street Fighter (Street
Fighter: A Batalha Final), como já citado aqui, e em Mighty Morphin Power Rangers: The Movie (Power Rangers: O Filme).
O engraçado de tudo fica
por conta que no jogo God of War II
(Deus da Guerra II) tem uma passagem idêntica à do filme.
É espantoso que
passados dezessete anos de seu lançamento ainda encontramos pessoas que
aguardam esperançosas pelo lançamento do terceiro filme da franquia (fora a
quantidade de gente que adorou a segunda aventura de Xuxa na companhia dos duendes).
A melhor fala e que
resume bem o espírito do filme foi dita pelo Guilherme Karan logo aos quinze minutos “quero sair daqui”.
Podemos consertar qualquer coisa se houver espaguete
envolvido!
Que crítico Jim Carrey!
ResponderExcluirVocê fica criticando o filme da Xuxa! Então faz melhor!
E se não sabe o nome do feitiço, é sua OBRIGAÇÃO ver de novo para ter certeza!