PIXELS
Dados Técnicos:
Nome Original:
Pixels
Ano de Produção: 2015
Duração: 105 minutos
Gênero: Ação, Comédia, Fantasia
Formato: Longa-Metragem
Com: Adam Sandler, Kevin James, Michelle
Monaghan, Peter Dinklage, Josh Gad, Brian Cox, Sean Bean, Dan Aykroyd
Adam Sandler é aquele sujeito que
produz (e estrela) filmes que normalmente são massacrados pela crítica e
adorados pelo público.
Muitas pessoas - eu incluso - acabam criando
uma espécie de laço em especial com algum de seus filmes, fazendo com que
sempre que ele esteja em exibição em algum canal de televisão, parar o que está
fazendo para assistir a ele, mesmo que já tenha passado um bom tempo do seu
início.
Porém, existem aquelas vezes que o filme erra
tanto na mão, que por mais que você seja fã do trabalho dele - ou não se
incomode com os filmes - fica incomodado com o que está acontecendo.
Depois que esta primeira lista de filmes
fechou, lembrei de outros que poderiam estar melhor representados aqui, mas
teremos outras oportunidades para falar deles.
Pixels acabou representando a última cooperação
de Adam Sandler, através de sua produtora Happy Madison, com a Sony
Pictures. Até então ambos já tinham trabalhado juntos em outras seis
produções.
Curiosamente esta ruptura coincidiu com uma
série de e-mails vazados no ano de 2014, enquanto Pixels ainda estava em
produção.
Naquele ano, em razão do lançamento do filme The
Interview (A Entrevista) com Seth Rogen e James Franco, a Sony
Pictures foi alvo de ataques cibernéticos que copiaram todos os seus
arquivos digitais, que iam de meros e-mails a até filmes que sequer haviam sido
lançados ainda.
Ocorre que dentre estes mais diversos e-mails
ligados ao estúdio e que acabaram divulgados ao público, alguns deles continham
ataques e críticas direcionados aos trabalhos de Adam Sandler, que
naquela época era um dos mais lucrativos atores do estúdio.
Talvez por conta disto o tão aguardado terceiro
capítulo de Grown Ups (Gente Grande) não tenha saído, algo que não deve
mais acontecer após a trágica morte de Cameron Boyce em 2019.
Sim, Grown Ups é o filme do Adam
Sandler que me faz parar para assistir.
Desde este incidente, as suas produções vêm
saindo pela Netflix.
Mas voltemos ao filme, que é o que importa por
hora.
A premissa de Pixels é boa e
interessante.
Afinal, o que aconteceria se uma raça alienígena
usasse jogos clássicos dos anos 1980 para atacar a Terra em uma guerra intergaláctica? Respeitando inclusive a velha regra dos fliperamas que uma ficha dá direito a três "vidas".
Feito da maneira correta, o resultado poderia
ser bem melhor do que o resultado medíocre que tivemos aqui.
A trama do filme é dividida em dois momentos
históricos.
A primeira se passa em um breve momento de
1982, em que alguns dos principais personagens da trama se encontram pela
primeira vez, e lança a pedra fundamental no entorno da qual o filme será construído.
Tem o Campeonato de Jogos Eletrônicos, cujas
filmagens foram lançadas ao espaço e produziram o ataque alienígena, o primeiro
encontro de vários personagens, além do estabelecimento do complexo do
protagonista.
Já a segunda que toma uns 80% de tempo é no presente (2015) e temos o estúpido presidente americano
Will Cooper (Kevin James) que é odiado por toda a população e cuja
popularidade não sequer deve atingir dois dígitos. Em nenhum momento é citado
quanto tempo tem que ele fora eleito, e nos faz perguntar porque elegeram um sujeito incapaz desses.
Ele ainda se mantem fortemente ligado ao seu
amigo de infância Sam Brenner (Adam Sandler), que após a perda do torneio
trinta anos antes nunca mais fora o mesmo e hoje trabalha com eletrônicos além
de ser um conselheiro informal do presidente.
O terceiro papel importante ficou sob a
responsabilidade de Violet van Patten (Michelle Monaghan), uma recém-divorciada
que tenta reconstruir a vida ao lado do filho Matty van Patten (Matt
Lintz) após ser trocada por outra.
A cena do primeiro encontro dela com Brenner
é patética e vergonhosa, com ele tentando beijar ela e depois a acusando de ser
esnobe.
E disto nasce uma rivalidade ainda mais boba,
após os dois serem conduzidos para a Casa Branca com cada um se gabando do “nível
de acesso” que tem. Ela é Tenente-Coronel do Exército Americano, antes que me
esqueça.
Ao mesmo tempo que esta relação com resultados previsíveis
acontecia (sério, é difícil fazer uma construção romântica que não siga o
padrão rivalidade e ódio no início que nem na metade do filme já se converte no
já batido amor?) uma base americana em Guam era atacada por uma força
desconhecida, fazendo o comando militar americano bater cabeça tentando entender
o que acontecia.
Óbvio que os velhos clichês teriam que se
instalar neste momento, como o do graduado Almirante Porter (Brian Cox) culpar aos
berros o Irã pelo incidente, sem fazer qualquer tipo de ponderação racional.
Só descobrem o que está acontecendo - ainda assim
com o pé atrás - quando a figura mais maluca do filme (e não é maluco como uma
ideia de “divertido”) aparece. Ludlow Lamanosoff (Josh Gad), um virgem
de meia idade que é obcecado com a personagem de um jogo, Lady Lisa. A
casa dele é só sobre isto, é preocupante a situação do sujeito.
Ele carrega todos os estereótipos de um virgem
de meia idade. Mora com a avó, é maluco, obcecado e venera algo que não existe,
porco, e tem acessos de fúria.
Além de acreditar que o governo americano e a CIA
espionam a todos e por isso usa uma TV de tubo dos anos 1970 e VHS para gravar os
programas, e por conta disto ele conseguiu capturar uma transmissão alienígena.
Ter sido só ele é uma daquelas inúmeras conveniências
do roteiro, tanto que mais para a frente até um bar aleatório em Londres
conseguiu transmitir o sinal, mas enfim.
Este sujeito patético é mais um daqueles que esteve naquele torneio de jogos eletrônicos de 1982
e agora parte ao resgate do mundo.
A dupla de desajustados Brenner e Lamonsoff
são agora os responsáveis por treinar a força mais poderosa da Terra na arte
dos jogos eletrônicos da década de 1980 para que possam salvar a Terra do seu fatídico
destino!
E tome clichês.
Cabem a eles socorrerem os militares quando
estes se perdem no combate contra um dos jogos, oficiais graduados se abraçando
de medo...
É cada questão que poderia ser evitada.
Mas não posso me esquecer do melhor personagem
do filme (só não é o único que se salva, porque o Matty se mostra o único com o
mínimo equilíbrio mental neste meio) que é Eddie “Fireblaster” Plant (Peter
Dinklage). O sujeito que derrotou Brenner no campeonato de 1982 e é um
picareta.
Ele não é o melhor personagem do filme por
conta dele em si, mas sim por conta de Peter Dinklage. Quando das
filmagens de Pixels ele estava em um dos seus grandes momentos em Game
of Thrones e aqui ele toma conta do filme desde a hora que entra em cena.
O nível dele foi completamente fora do tom
quando comparado com os demais.
Enquanto os demais pareciam estar sofrendo para
atuar ele se divertia no meio daquilo tudo.
O caldo entorna no terceiro ato, quando a força
alienígena resolve atacar a Terra após mais uma trapaça de Eddie e se declarar
como vitoriosa do desafio.
Sério, vamos enumerar.
1) Mesmo se reconhecendo como vitoriosa ela
aceita que a turma de protagonistas vá até o seu comando central para um outro
desafio;
2) CURIOSAMENTE este desafio era o jogo que
deixou Brenner traumatizado em 1982;
3) Quando ele descobre que foi vítima de
trapaça de Eddie e era o real campeão sua atitude muda totalmente;
4) DO NADA Violet adquire habilidades de
acrobata;
5) Toda a forma alienígena que ataca a terra é
composta por elementos pixelizados, para dar o efeito de jogo para a coisa, só
que JUSTAMENTE a Lady Lisa do sujeito lá não segue este padrão, adotando
uma forma 100% humana (Ashley Benson);
6) OBVIAMENTE os dois teriam que se encontrar e
se enfrentar;
7) Após uma breve luta entre eles, Lamonsoff
desiste por não ter condições de enfrentar a sua mulher amada, no que é
correspondido e já se dão como noivos (tudo bem que ela não fala nada e só concorda)
Sério, precisava disso tudo de uma só vez? A
parte da Lady Lisa poderia muito bem ter sido infinitamente mais bem construída
se ela fosse um dos troféus entregues em uma das vitórias obtidas pelos humanos
e à partir disto se iniciasse uma relação entre os dois se conhecendo mutuamente,
mas jogar isso do nada na tela querendo que todos abaixem a cabeça e concordem é
demais.
Aqui toda a esperança que eventualmente existia
com o filme é jogada no lixo e só resta ficar enumerando os problemas que se
seguiam.
Como uma premissa tão boa acabou desperdiçada
nas mãos erradas.
Premissa esta que foi de Patrick Jean,
que foi quem criou o roteiro e dirigiu um curta em 2010 que serviu de base para
este filme, inclusive quanto ao nome.
Já esta versão de Pixels contou com a
colaboração de Tim Herlihy (que também fez uma rápida aparição como o
Secretário de Defesa que estava mais preocupado com o sanduíche) e Timothy
Dowling (que fez uma breve ponta como um fuzileiro naval).
Tim Herlihy é um recorrente
colaborador dos filmes de Adam Sandler tendo trabalhado com ele em outros
dez filmes, que vão de Billy Madison (Billy Madison, um Herdeiro Bobalhão)
até The Ridiculous 6 (Os 6 Ridículos).
Isso ajuda a explicar muito as reiteradas
repetições de situações vivenciadas nos filmes, visto que as mesmas características
vão se tornando uma marca (negativa) e se repetindo a cada nova produção.
Além destes trabalhos, ele também foi
roteirista de 134 episódios do Saturday Night Live entre 1993 e 1999.
Enquanto Pixels foi a segunda
contribuição envolvendo Timothy Downling com Adam Sandler, tendo
a outra sido Just go with It (Esposa de Mentirinha), o que ajuda a
explicar certas coincidências.
Dava até para pensar em escrever algo sobre o
psicológico dos personagens masculinos do filme (que têm a firmeza de uma
banana) mas nem vale a pena, enquanto Violet que se apresenta frágil no
início do filme é quem mais consegue manter a sobriedade.
A direção ficou a cargo de Chris Columbus,
que, como já comentamos no texto de Percy Jackson & the Olympians: The
Litghtning Thief (Percy Jackson & o Ladrão de Raios), tem uma grande
contribuição ao cinema, tendo sido o responsável por dar vida aos dos primeiros
Home Alone (Esqueceram de Mim) e ao clássico Mrs. Doubtfire (Uma
Babá Quase Perfeita).
O trabalho dele aqui ficou descente em que pese
as derrapagens do roteiro. Ele foi capaz de criar um universo coeso em que jogos
e realidade conseguiam coexistir de uma forma crível.
A batalha do Donkey Kong, recriando de
forma prática o mesmo cenário apresentado no jogo dos anos 1980 foi um deleite,
além da batalha do Pac-Man com carros pelas ruas de Nova Iorque.
Só não deu para engolir mesmo a questão da Lady
Lisa em que humanizaram ela, teria sido muito mais interessante se tivesse
mantido ela no padrão de todos os demais personagens oriundos dos jogos.
Mas tiveram que dar uma razão de ser para o
sujeito lá.
Já ia me esquecendo. Não dá para sair encostando
o fio de uma espada no pescoço de alguém e não sair ao menos corte de leve.
Os efeitos especiais ficaram bem feitos e não comprometeram.
Abriram os cofres para garantir o filme na parte visual.
Na parte da trilha sonora, houve rocks dos anos
1980, como Surrender de Cheap Trick, que só me fez lembrar de Guardians
of the Galaxy vol. 2 (Guardiões da Galáxia vol. 2), e We Will Rock You
do Queen, que é meio arroz de festa.
A grande graça do filme acaba sendo por conta
dos fãs de jogos dos anos 1980 tentar identificar quais deles aparecem no filme.
E ver um Smurf ser executado.
Frutas criminosas!
O seu prazer sádico em ver um smurf executado, mostra a sua índole maligna e destrutiva.
ResponderExcluir