Dados Técnicos:
Nome Original:
Transformers: The Last Knight
Ano de Produção: 2017
Duração: 154 minutos
Gênero: Ação, Aventura, Sci-Fi
Formato: Longa metragem
Com: Mark Wahlberg, Anthony Hopkins, Josh
Duhamel, Laura Haddock, Isabela Merced, dentre outros
“Porque começar com o quinto filme de Transformers
e não com o primeiro?”
Primeiro que sou eu quem estou tendo o
trabalhado de escrever, então vou fazer na ordem que eu bem entender.
Segundo que nem os responsáveis pelos filmes
conseguem se dar o trabalho de manter a mínima coesão entre eles, sendo que são
as mesmas pessoas que estão este tempo todo por detrás dele, por que cargas
d’água eu devo tentar me preocupar com algo?
Então, estes três parágrafos servem para dar um
panorama da coisa.
Transformers, surgiu no meio da
década de 1980 como uma ótima estratégia de marketing da gigante dos brinquedos
Hasbro, que viu em duas linhas de brinquedos da japonesa Takara Tomy
(quando ainda era somente Takara, antes de ocorrer a sua fusão com a Tomy)
uma ótima oportunidade de lucro.
A empresa japonesa era responsável pela
produção dentre vários produtos, por duas linhas de brinquedos, os Diaclone
e os Microman (Micronatus).
Ao desembarcarem na terra do Tio Sam eles foram
repaginados e apresentados para o mundo como os Transformers,
dividindo-se, inicialmente, entre Autobots e Decepticons.
A estratégia de divulgação do produto veio
acompanhada de uma série animada produzida pela Toei Animation em 1984,
que rendeu quatro temporadas e noventa e oito episódios.
O trabalho ainda rendeu um filme animado em
1986 que serviu de um entreposto da segunda para terceira temporada da série
televisa, e contou com a participação de Orson Welles em um dos seus
últimos trabalhos.
Após estes anos, o universo criado viveu um
certo período de hiato nas terras ocidentais no que se trata de produções
voltadas para o audiovisual, até o surgimento em 1996 de Beast Wars, que
abordava o futuro da série original e era focada nos descendentes dos Autobots
e Decepticons, agora representados por Maximals e Pedracons,
tendo sido sucedida por Beast Machines.
Duas séries muito boas e que contam com um
visual extremamente datado para 2020, visto que foram feitas nos primórdios da
computação gráfica.
Ao mesmo tempo, as séries Transformers
continuaram a serem produzidas normalmente, totalmente independentes entre si,
sendo que apenas duas chegaram ao Brasil. Toransufōmā Kārobotto (Transformers:
A Nova Geração) e Chô Robotto Seimeitai Toransufōmā Maikuron Densetsu
(Transformers: Armada).
Ao mesmo tempo quadrinhos e brinquedos
continuaram a ser lançados, jamais deixando os fãs desamparados.
Ou seja, até o lançamento do primeiro filme em live
action de Transformers, existiam mais de vinte anos de universo
criado, que permitiria aos responsáveis pelos filmes realizarem um trabalho
muito bem feito e de construção de toda uma nova mitologia, agora nos cinemas.
Mas o que se viu foi um comboio sem freio e
descarrilhado desde os créditos do primeiro filme, com um universo confuso e
contraditório entre si.
Desta maneira, há a chegada do quinto capítulo
da guerra entre Autobots e Decepticons.
O quarto filme, Transformers: Age of
Extincion (Transformers: A Era da Extinção), assisti apenas uma vez, quando
tinha voltado de uma festa de noivado e estava bêbado de perder o rumo. Lembro
de estar entretido com que assistia - talvez esteja aí a saída para a franquia
- e que dormi do meio para o final, então, faço a menor ideia de como
terminaram as coisas, e que reflexos e peso têm sobre a trama de Transformers:
The Last Knight (Transformers: O Último Cavaleiro).
Que filme cansativo.
Duas horas e meia de projeção que testam a
disposição de qualquer um.
E tranquilamente dava para cortar uns 30% do
que foi mostrado. Muita coisa desnecessária e que não faria qualquer falta não
estar ali.
A trama do filme parece que claramente anotaram
todas as ideias que tiveram nos anteriores em papel, colocaram em um saco,
balançaram e foram tirando na aleatoriedade, e com base no resultado “construíram”
a bagunça que é o roteiro deste filme.
Várias ideias que tivemos a oportunidade de acompanhar
em Transformers, Transformers: Revenge of Fallen (Transformers: A
Vingança dos Derrotados) e Transformers: Dark of the Moon (Transformers:
O Lado Oculto da Lua) estavam reprisadas lá novamente. Não tinha ninguém minimamente
criativo para pensar alguma coisa diferente desta vez não?
E o que é pior. Toda esta repetição criou incongruências
com os filmes anteriores.
Deixaram a coerência de lado e entregaram ao Deus
dará?
Pois bem.
Como estabelecido nos capítulos anteriores
(olha só, mantiveram ao menos uma coerência, parabéns para todos), os valentes guerreiros
de Cybertron estão em contato com a Terra por um período muito anterior
ao que se presumia ao longo do primeiro filme.
E desta vez somos levados à Era das Trevas, quando
temos a oportunidade de acompanhar o Rei Arthur (Liam Garrigan) e todo o
seu séquito combatendo em um belo cenário, com muitas explosões. Explosões para
todos os lados que é um marco da série.
Também presenciamos um pacto entre Merlin
(Stanley Tucci) e doze Cavaleiros Gigante que se transformam em um dragão de três
cabeças, pacto este que é representado pelo cajado que possuíam e é entregue ao
lendário Mago.
Este filme seguiu com o estabelecido no anterior,
em que o papel de protagonista saiu de Sam Witwicky (Shia LaBeouf) -
muito embora ele apareça rapidamente em uma fotografia - passando a ser de Cade
Yeager (Mark Wahlberg).
E tal qual uma rotina, os Transformers seguem
novamente sendo perseguidos e caçados pela Terra, muito embora tenham os Autobots
os ajudado em quatro outras oportunidades.
Não tinha como criar um “Embaixador” para
tentar negociar o fim das hostilidades? É um desperdício burro de dinheiro.
É difícil descrever com quem Yeager divide a
trama.
Porque de início parece que ele teria a companhia
de Izabella (Isabela Merced) e Jimmy (Jerrod Carmichael) duas das
figuras mais irritantes que alguém pode ter a infelicidade de conhecer. Dois
estorvos danados - principalmente Jimmy - e que não acrescentam quase
nada.
Se não existissem no filme não fariam qualquer
falta.
E são dois dos vários focos de problema que o
filme tem.
Eles acompanham o protagonista durante boa
parte dos cinquenta minutos iniciais, depois são totalmente esquecidos, para
reaparecerem no final, dão até alguma coisa para Izabella fazer, mas o
outro, não teve utilidade alguma.
Outro personagem que representa esta zorra toda
é Vivian Wembley (Laura Haddock). Ela tem uma rápida aparição no início
do filme disputando uma emocionante partida de Polo sendo depois
reintroduzida com um papel de muita importância para a trama.
Há, ainda, a introdução de uma espécie de
divindade entre os cybertronianos, Quintessa (Gemma Chan), cuja existência
jamais fora sequer especulada antes.
Uma vilã que se mostrou totalmente irrelevante
e mixuruca.
Aliás, como que ela sobreviveu ao ocorrido no
terceiro filme? Como sobreviveu num mundo desolado há milênios (ao que parece
pelo lore dos filmes se passaram milênios desde a guerra cybertroniana).
Ela está atrás de um poderoso objeto mágico,
que, como sempre está na Terra, objeto este que jamais fora mencionado antes e
que curiosamente Megatron (Frank Welker) sabia que aqui estava, mas
nunca tinha ido atrás.
Aliás, tal objeto mágico some no final do filme.
Não me lembro de ver ele sendo destruído e ninguém deu falta dele.
Ao menos é dada uma justificativa - ainda que
troncha - do porquê a Terra atrair tanto os habitantes de Cybertron.
Também é introduzida uma sociedade secreta, a Ordem
dos Witwiccans. Sim, fizeram um trocadilho estúpido com o sobrenome do antigo
protagonista. A pessoa que teve esta ideia deve ter se achado a mais
inteligente do mundo.
É uma bagunça.
Nem os personagens e muito menos quem assiste
consegue entender direito o que está acontecendo.
É um constante exercício de tolerância ao que estamos
sendo submetidos.
Sabe-se lá por que, e estou genuinamente curioso
com o motivo, o Anthony Hopkins resolveu participar desta insanidade.
Ao menos ele parecia estar se divertindo com o
que estava acontecendo, e ao que parece foi só ele mesmo. E talvez esteja aí a
justificativa para ter aceitado participar desta ideia de doido.
Não houve a menor química entre o mocinho e a mocinha,
e quem assiste acaba se perguntando se vão levar adiante aquilo mesmo.
Simmons (John Turturro) segue com as
suas aparições especiais.
E vai entender, mas ele em Cuba
conseguiu descobrir a localização de um livro em Londres, que era
procurado por Sir Edmund Burton (Anthony Hopkins), o líder da Ordem
dos Witwiccans e que vivia na Inglaterra e que conhecia uma entrada secreta
para a residência do Primeiro-Ministro Britânico (Mark Dexter).
Coerência mandou aquele abraço.
Resolveram apelar diversas vezes para piadas sexuais
e de duplo sentido. Aposto que foi ideia da mesma pessoa que pessoa que criou a
Ordem dos Witwiccans.
Quanto aos Autobots e Decepticons
não há muito o que falar.
Eles se tornaram secundários na trama.
Megatron se converteu num arremedo da
figura imponente construída no primeiro filme.
Optimus Prime (Peter Cullen) passou
a maior parte do tempo fora de tela.
Bumblebee (Erik Aadahl) acaba
sendo aquele com maior destaque, mesmo assim é reduzido em relação aos humanos.
Ao menos serviu para finalmente introduzirem o Hot
Rod (Omar Sy).
Tem vários outros, mas servem mais como
figuração.
Houve, ainda, a introdução de uma nova espécie cybertroniana.
Os headmasters.
Por meio de Cogman (Jim Carter), um
sujeito que serve à família Burton por gerações e é nervoso até a tampa.
Estranhamente depois de um tempo acabei me
acostumando com os chiliques dele. Vai ver que é por conta da minha cabeça que já
estava doendo.
E olha que ele é responsável por alguns dos
melhores momentos do filme, quando ele quem conduz a trilha sonora e é interrompido
pela impertinência.
Que muito provavelmente foi por conta da câmera.
Nem por reza brava conseguiam deixar ela parada.
Toda hora tinha que estar em movimento. Tem
gente que vai ficar tonto com tanta mexeção.
Obviamente o responsável por um transtorno destes
foi o diretor.
Direção, tal qual a produção executiva, que ficou
mais uma vez sob a batuta de Michael Bay, repetindo o trabalho que já
havia apresentado nos quatro filmes anteriores, mas de uma forma pior ainda.
Vai gostar de explosão. É explosão atrás de
explosão.
É explosão até na Idade Média.
Tem horas que não dá para entender o que está acontecendo
na tela.
É plenamente possível fazer um filme sem sair
explodindo tudo o que vê pela frente.
É até preferível, basta ter um roteiro bom.
Roteiro este que teve quatro cabeças (que muito
provavelmente ficaram batendo entre si).
Art Marcum e Matt Holoway
têm poucos trabalhos na condição de roteiristas, mas entregaram o competente Iron
Man (Homem de Ferro) em 2008. Só que também têm no currículo Punisher:
War Zone (O Justiceiro: Em Zona de Guerra), e Men in Black:
International (MIB: Homens de Preto – Internacional).
Pelo o visto o primeiro capítulo da jornada de Tony
Stark foi o ponto fora da curva.
Ken Nolan tem um currículo mais
minguado ainda, tendo como maior destaque Black Hawk Down (Falcão Negro
em Perigo) de Ridley Scott.
Por fim há a figura de Akiva Goldsman.
Muito embora tenha entregado A Beautiful Mind (Uma Mente Brilhante),
possui um histórico horroroso em suas costas.
Batman Forever
(Batman Eternamente), Batman & Robin, Lost in Space (Perdidos
no Espaço: O Filme) e The Dark Tower (A Torre Negra) são algumas das contribuições
deste sujeito para o cinema.
Olha este histórico, como deixam um sujeito
desses ainda roteirizar um filme?
Com currículos destes, não há milagre que
resolva.
Os efeitos especiais, principalmente dos robôs,
continuam impecáveis.
Exceção seja feita a Quintessa, que
passa uma artificialidade brutal. Não me lembro de ter presenciado algum outro cybertroniano
com tamanho descaso.
Além disso, o final do filme apresentou uma
perda de qualidade em parte de Cybertron.
Um destaque positivo vai para as paisagens
inglesas. Escolheram muito bem os cenários.
Uma trama paralela foi construída ao longo do
filme, e a cena exibida durante os créditos abre espaço para uma ameaça maior
ainda.
Só quero ver se vão conseguir acertar a mão.
O que duvido.
O quarteto de roteiristas já se encontra
escalado para trabalhar na próxima aventura de Optimus Prime e seus Autobots.
Será o capítulo final? Seremos ainda brindados
com mais filmes?
Só o tempo dirá. Tal qual Messi e Taison.
Mas até agora não entendo como puderam colocar
uma kombi como vilã?
Surpreendentemente uma guerra interplanetária entre
robôs transmorfos de duas facções diferentes não é a coisa menos crível do
filme.
Desideria!
O crítico conseguiu fazer uma referência ao saudoso Wianey Carlet numa crítica sobre transformers 5. Parabéns.
ResponderExcluirO que me surpreende é como filmes tão ruins conseguem franquias tão longas (transformers, resident evil, jogos vorazes, crepúsculo, velozes e furiosos, dentre outros), parece que criar coisa podre cheio de efeito visual e historinha careta dá grana, então acredito que sofreremos cainda com mais filmes dessa franquia pavorosa (era melhor continuar sendo brinquedo).
Outra coisa que merece destaque é como o crítico arruma uma choradeira danada, digno do mais botafoguense entre os botafoguenses, por causa de colocar uma kombi como vilã, como se ela não tivesse capacidade para isso. É cada uma viu...