Dados Técnicos:
Nome Original:
Mortal Kombat
Ano de Produção: 1995
Duração: 101 minutos
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Formato: Longa-Metragem
Com: Christopher Lambert, Robin Shou, Linden
Ashby, Cary-Hiroyuki Tagawa e Talisa Soto
“A melhor adaptação de jogos eletrônicos já
realizada”.
Se eu não fosse tão indolente para assistir aos
filmes e escrever sobre eles, e tivesse feito ele na rapidez desejada, este
teria sido o parágrafo inicial do texto e parado por aí. Ocorre que neste meio
tempo houve o lançamento de Pokémon Detective Pikachu (Pokémon: Detetive
Pikachu) em 2019 e Sonic the Hedgehog (Sonic: O Filme) em 2020.
O segundo ainda não assisti, mas tendo em vista
que já anunciaram até uma continuação - algo extremamente raro para o gênero -,
pode-se pressupor que tenha o seu valor, já o primeiro é bom, e dentre os que
assisti ocupa o merecido primeiro lugar.
Mas voltemos ao que interessa, Mortal Kombat.
O posto ocupado por ele ao longo de quase um-quarto
de século (caramba, parando para pensar já faz um bom tempo do seu lançamento) foi
mais pela inabilidade e baixa qualidade de seus concorrentes (que foram muitos)
do que por mérito próprio.
Dois de seus rivais já tivemos a oportunidade
de conhecer, Street Fighter (Street Fighter: A Batalha Final) e Super
Mario Bros., e muitos outros certamente ainda pintarão por aqui, filme de
qualidade duvidosa inspirado em jogos eletrônicos é o que não falta.
A ideia do jogo era o tradicional quebra pau
entre os personagens, que contava com um plano de fundo interessante, em que o
jogador deveria impedir os vilões de invadirem o Reino da Terra caso
sucumbissem no torneio que dava o nome do jogo.
E logo caiu nas graças do público.
Mortal Kombat quando do seu lançamento
contou com várias peculiaridades que o fizeram se diferenciar de seus concorrentes
e chamaram a atenção naquela época, o primeiro foi a aposta em sprites
(os personagens na tela que lutam) bastante realísticos (algo que era uma
evolução absurda para as limitações da época) em comparação com estilo
cartunesco dos demais e os seus famosos fatalities, os movimentos especiais
de finalização dos combates violentos.
Como a molecada é chegada num gore, o
sucesso foi garantido, muito embora tenha levado à criação do sistema americano
para classificação dos jogos eletrônicos e uma restrição de sua circulação.
O sucesso das vendas é representado por seus
números, até o ano de 2015 (é, já faz um tempinho) era estimado que a franquia
tenha comercializado aproximadamente 35 milhões de unidades, e este número deve
ter crescido ainda mais, uma vez que dois outros jogos foram lançados após esta
estimativa, Mortal Kombat X e Mortal Kombat 11.
Aproveitando-se do sucesso alcançado pela
franquia nos anos 1990, a sua então proprietária Midway Games abriu as
portas para outras mídias, dentre eles duas séries, que acabariam chegaram até
nós.
A primeira foi uma série animada de 1995, e teve
como inspiração o terceiro jogo e ficou conhecida como Mortal Kombat:
Defenders of the Realm (Mortal Kombat: Defensores da Terra), contando com
apenas uma temporada e treze episódios, tendo sido exibida exaustivamente na Record.
A segunda série é de 1998, sendo desta vez um live-action.
Mortal Kombat: Conquest (Mortal Kombat A Conquista) conseguiu alcançar
um pouco mais de sucesso do que a anterior e contou com um total de vinte e
dois episódios, contando de maneira livre a história do Grande Kung Lao,
vencedor do primeiro Mortal Kombat, e que fora mencionado pela primeira
vez no terceiro jogo. Muito embora tenha sido exibida no SBT não
lembrava de sua existência.
E quanto ao filme?
O filme é uma adaptação do jogo original,
contando a história do 11º Mortal Kombat (apesar de não ficar claro no
filme que era o décimo primeiro torneio), em que os guerreiros protetores do Reino
da Terra encontravam-se sob o limiar final, afinal, em caso de mais uma
derrota as forças do Outworld estariam livres para conquistar aquela
realidade.
O Mortal Kombat é um torneio que
acontece de tempos em tempos (a periodicidade nunca ficou clara demais ou mesmo
foi estabelecida, mas pelas falas aparenta que as edições anteriores foram ao
longo de um milênio), em que um reino para ter o direito de invadir o outro,
deveria vencer dez edições seguidas do torneio.
O filme dedica os minutos inicias para
apresentar os nossos heróis, que são Liu Kang (Robin Shou) um antigo
monge shaolin que fugiu para os Estados Unidos buscando fugir do seu destino (algo
que desde o início fica bem nítido qual que é, além de ser algo que sempre o argumento
retoma) e retorna para sua terra natal após sonhar que seu irmão, Chan Kang
(Steven Ho), havia sido assassinado por Shang Tsung (Cary-Hirouyki
Tagawa). E outra não foi a sua surpresa ao chegar em casa e saber que o sonho
foi bem real.
Dos personagens principais ele é o único que
possui pleno conhecimento de tudo o que envolve o torneio, pois, é uma história
comum do seu povo, apesar disso ele deseja participar do torneio movido pela
vingança pela morte do seu irmão. A mudança de vontade dele de “não quero
participar do torneio” para “vou participar do torneio” de um corte para o outro
não fez o mínimo sentido.
Sonya Blade (Bridgette Wilson) é
uma agente atuante em Hong Kong, um de seus homens acabou por morto por Kano
(Trevor Goddard) e ao perseguir ele, que fora instruído por Shang Tsung,
acaba arrastada para dentro do navio que leva ao Mortal Kombat.
A apresentação dela parece que foi feita pelo Michael
Bay, um festival de cortes e tremeliques na câmera, impedindo qualquer um
de entender o que está acontecendo ou mesmo de se localizar na cena.
Jhonny Cage (Linden Ashby) é um
ator de filmes de ação que é constantemente alvo de críticas por parte da
imprensa, que o acusam de ser uma fraude, desde o início é deixado bem claro
que é movido por seu ego, aproveitando-se disso um disfarçado Shang Tsung
o convida para disputar o torneio e assim “provar” o seu valor.
O roteiro é extremamente ágil em lançar as
bases da trama, todos os personagens foram introduzidos ao longo dos vinte
primeiros minutos e deu para ter bem a ideia do que cada um faz e suas motivações.
Apesar de que a facilidade com que Johnny
Cage e Sonya Blade aceitam todo o absurdo da situação em que se
meteram - ainda mais após alguns personagens mostrarem algumas de suas habilidades
- fica estranho.
Ao longo do filme por diversas vezes tentaram
riscar fósforos para forçar alguma espécie de relação entre os dois, mas nada
que ficasse natural.
Além destes três, diversos outros humanos foram
enviados para competir no torneio, sendo um sem número de figurantes que não se
dão nem ao trabalho de mostrar o que aconteceu com cada um deles (ou sei lá se
mostrou, eles são tão sem importância para o filme, que vai que nem dei fé).
O único nomeado foi Art Lean (Kenneth
Edwards), alguém que aparece novamente só para ser morto quando você nem
lembrava mais da existência dele.
Até agora não entendi por que a Sonya Blade
se desesperou com a morte dele, só se eles tiverem desenvolvido fortemente a
relação no período fora das telas, mas é estranho, já que não houve qualquer
cena com os dois juntos.
O suporte do grupo cabe a Raiden (Christopher
Lambert) o deus do trovão e soberano do Reino da Terra, que na maior
parte do tempo em que aparece, aparenta estar bem pouco preocupado com o
destino no caso de mais uma derrota, fora as horas mais improváveis possíveis
em que resolve usar os seus poderes.
E que atuação estranha do Christopher
Lambert, não bastasse uma empostação de voz para lá de esquisita, ele
tentou dar um ar de solenidade e maneirismos para o seu personagem em alguns
momentos que não combinava direito com o estilo despojado que mostrava em outros.
Toda hora que aparecia dava aquela quebrada no
filme.
A conversa do quarteto no barco que os levava
até o local do torneio tem uma peculiaridade, com um pouco de atenção é possível
ver as paredes do estúdio.
O torneio se passa em uma ilha num local que
aparenta estar fora do tempo e espaço, e que ilha exuberante, as externas que
se passam nela são um espetáculo à parte.
Não só com a ilha, os responsáveis pelas
locações souberam escolher com precisão alguns dos cenários utilizados no filme.
Um exemplo neste sentido é a do templo (o cenário
me parece muito com o de templos localizados no Camboja, apesar de falarem no
filme que o local é na China) do povo de Liu Kang, é uma coisa de louco
aquele cenário, poderia ter sido feito todo lá.
A forma como as lutas acontecem não é estabelecida
em nenhum momento, vemos apenas elas acontecendo, sendo que em dado momento Liu
Kang participa de duas seguidas, e temos a oportunidade de ver vários
personagens dos jogos se enfrentando.
Sonya Blade tem a sua luta contra Kano,
que aparenta ser um sujeito bem pouco higiênico e o ator está se levando muito
a sério ali.
Lyu Kang enfrenta Kitana (Talisa
Soto) e SubZero (François Petit). Este, aliás, conta com os melhores
efeitos especiais no que se trata de técnica, o congelamento de suas técnicas
convenceu bem, principalmente durante a sua apresentação no jantar que foi um
desperdício absurdo de comida, apesar de que a luta entre os dois foi bem meh e
contou com uma solução bastante preguiçosa.
Quanto a Kitana, ela não tinha nenhum
interesse em ajudar os vilões. Ela é a legítima herdeira do trono de Outworld
que fora usurpado pelo Imperador (Frank Welker) após seu reino perder
dez Mortal Kombat, e não deseja que o mesmo ocorresse com o Reino da
Terra.
A relação dela com Liu Kang foi construída
de uma maneira muito mais natural do que a de Sonya Blade e Johnny
Cage.
Por fim, coube a Jhonny Cage enfrentar Scorpion
(Chris Casamassa) e Goro (Kevin Michael Richardson [voz]/Tom Woodruff
Jr. [corpo]), este, que era o atual campeão teve uma participação pífia, sendo
derrotado de uma maneira totalmente pífia, ao menos os efeitos práticos da sua
fantasia ficou muito bem feito, o que acertaram nos práticos, erraram na
maioria dos CG; enquanto que a luta com Scorpion foi a mais animadinha
que teve, os dois personagens souberam explorar muito bem os cenários por onde
ela passou, fazendo uso deles em seu benefício (só não sei onde que o campo
aberto caberia naquela ilha), apesar de que deixou a desejar nos efeitos especiais.
O grande vilão do filme foi estabelecido desde
a primeira cena, então, não espere por reviravoltas, é um filme bem linear sem
grandes invenções.
A atuação de Cary-Hiroyuki Tagawa foi
carregada nas expressões e deu um tom bem sisudo para o seu personagem,
servindo de um bom contraponto para os momentos de leveza de Raiden.
Ao longo do filme por diversas vezes ele
repetiu frases clássicas dos jogos, mesmo que na hora não fizesse o menor
sentido. Vai ver foi alguma exigência contratual ou gracejo dos roteiristas.
A luta o envolvendo foi a única em que foi possível
perceber que os personagens estiveram expostos a algum perigo (pensando aqui, algum
dos três chegou a sangrar?), mesmo que mínimo.
O filme contou ainda com as participações de Reptile
(Frank Welker [voz]/Keith Cooke [corpo]), um subalterno de Shang Tsung
que agia nas sombras vigiando Kitana e Jaxx (Gregory McKinney),
um companheiro de trabalho de Sonya Blade e que não acompanhou ela no
barco que levou ao torneio.
O filme termina com um gancho para uma
continuação e os personagens fazendo pose desnecessária.
É inevitável realizar algumas comparações com o
filme de Street Fighter que havia saído um ano antes, visto serem ambos
filmes inspirados em jogos eletrônicos de luta e faziam muito sucesso na época.
Mesmo contando com um elenco com nomes inferiores
ao de seu concorrente (Street Fighter tem Raúl Julia), o roteiro
soube aproveitar melhor os personagens que tinham e fazer uma história muito
mais coesa e sem pirações absurdas (Bison traficante), com cada um em
seu quadrado.
O roteiro ficou sob a responsabilidade de Kevin
Droney, sendo esta a sua principal contribuição para o cinema, tendo escrito
ainda três episódios da série televisiva de Highlander, contando além
dele com John Tobias e Ed Boon, por serem os criadores do jogo
John Tobias que foi um dos
roteiristas de Mortal Kombat: Annihilation (Mortal Kombat: A
Aniquilação)...
Aliás, não adianta nada ficar toda hora falando
que Liu Kang é descendente do Grande Kung Lao se você ao menos não
contextualiza quem é o Grande Kung Lao, as pessoas não irão adivinhar.
A direção do filme ficou sob a batuta de Paul
W. S. Anderson, um Uwe Boll que sabe o que está fazendo. Se você não
sabe quem é Uwe Boll ainda saberá.
Paul W. S. Anderson
apesar de contar com poucos filmes no currículo, carrega alguns de relativo
nome, como quatro do universo de Resident Evil, AVP: Alien vs Predator
(Alien vs. Predador) e a versão de 2011 de The Three Musketeers (Os Três
Mosqueteiros).
O trabalho de direção dele foi quase correto, não
dá para esquecer os tremeliques na câmera no início do filme e nem da
famigerada cena da parede do estúdio, além destes momentos temos ainda algumas
lutas mal coreografadas, como uma em que alguém da uma voadora logo após o
adversário se abaixar.
Fora a questão da atuação do Christopher
Lambert, em que poderia ter pedido ao ator para fazer uma atuação mais sóbria.
Antes que me esqueça, teve uma luta em um local
com baixa iluminação durante a noite e parecia entrar luz solar pelas frestas
do local.
Os efeitos especiais viveram momentos de montanha
russa quanto aos CGs, em dados momentos eram insuficientes, enquanto em outros
ficava decente, fora quando resolveram mostrar um castelo e aquilo ficou bem
feio. Obvio que não é possível perder de vista que estamos falando de um filme
de 1995, e que os efeitos disponíveis eram muito mais rudimentares comparados
com os disponíveis atualmente.
Alguns, dos efeitos, como no caso do castelo,
ou do barco que levam os participantes poderiam muito bem terem feito uso dos
efeitos práticos e com miniaturas, e olha que os efeitos práticos ficaram bons,
basta ver a caracterização do Goro.
A trilha sonora começou bem variada, mas do
meio do filme para frente foi uma repetição sem misericórdia da música tema.
Durante os créditos finais é possível notar
vários diálogos do jogo sendo inseridos.
Teve uma hora ali no meio do filme que passou a
sensação de que rolou uma homenagem em Batman: The Dark Knight (Batman -
O Cavaleiro das Trevas), se for isso mesmo e não uma feliz coincidência terá
sido bem inesperada e engraçada.
Além de Mortal Kombat: Annihilation (Mortal Kombat: A Aniquilação) de 1997, existe outro filme com previsão de lançamento para 2021, não dando para saber ainda se haverá alguma alteração nos planos por conta da COVID-19.
Kami-Sama pode ser cruel?
O cara escreve um filme de Mortal Kombat para pagar pau de pokemon!
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